Eduardo Allgayer Osorio

E o agro "dançou" no Carnaval Vermelho

Eduardo Allgayer Osorio
Engenheiro agrônomo, professor titular da UFPel, aposentado
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Nem dois meses passaram desde a posse do atual governo e já se tem notícia de invasão, pelo grupo do MST liderado por José Rainha, de quatro fazendas no Pontal de Paranapanema, um dos pontos de conflitos agrários mais intensos, onde já estão assentadas mais de dez mil famílias. Dando prosseguimento ao que denominaram de Carnaval Vermelho, outras quatro fazendas foram invadidas nos municípios de Presidente Epitácio, Mirante de Paranapanema e Teodoro Sampaio.

Em pronunciamento oficial, a Associação dos Produtores de Soja repudiou as invasões havidas condenando "veementemente a relativação do direito de propriedade, a destruição do patrimônio e a barbárie de práticas criminosas que deveriam ter ficado no passado". Pedindo ação contundente para desmobilizar as invasões e criminalizar os líderes e demais envolvidos, argumenta: "precisamos de tranquilidade para seguir com a produção sustentável de alimentos, fibras e energia; crime, desordem e agitação não levarão a lugar algum, senão ao caos". Já a Associação Brasileira de Criadores de Zebu divulgou nota exigindo que o Judiciário "cumpra o papel de assegurar o direito de propriedade e adote medidas severas que restabeleçam a ordem no campo, condenando a banalização das discussões sobre o direito de propriedade; o Brasil, terceiro produtor de alimentos do planeta, só conseguirá reverter a imagem equivocada de seus sistemas de produção quando punir de forma exemplar quem instiga, coordena e participa de invasões". A Sociedade Rural Brasileira conclamou as autoridades a "tomar medidas imediatas para reintegrar as áreas invadidas e assim conter os movimentos que praticam atos criminosos de invasão de propriedades privadas produtivas", arrematando: "é inconcebível que o setor agropecuário, pilar econômico do nosso País e produtor de alimentos para o mundo, volte a viver momentos de insegurança e violência, avançando em garantir emprego, renda e alimentos na mesa da população brasileira".

Prosseguindo em sua sanha invasora, o MST ocupou no sul da Bahia extensas áreas da empresa Suzano Papel e Celulose, que divulgou nota de "que no desenvolvimento de suas atividades gera nessa região sete mil empregos diretos, mais de 20 mil postos de trabalho indiretos e beneficia 37 mil pessoas pelo efeito renda", alcançando em seus projetos sociais "mais de 52 mil participações diretas e indiretas em 82 comunidades, com investimentos de mais de R$ 10 milhões no ano de 2022".

Afora atrapalhar o agronegócio, uma das poucas atividades a dar certo no País, preocupa ver o governo que se inicia insistir em projetos que fracassaram rotundamente nas iniciativas anteriores. Somadas todas as áreas hoje ocupadas por assentados, desapropriadas com o dinheiro do contribuinte, elas perfazem 88 milhões de hectares, superando a área de 77 milhões de hectares hoje cobertos por todas as lavouras do agronegócio, onde são colhidos os alimentos postos na mesa dos brasileiros e os excedentes exportados que alimentam um bilhão de pessoas em outros países. Já os assentados, ainda dependentes dos programas assistenciais e de cestas básicas para sobreviver, para vender o pouco que produzem recorrem aos programas governamentais de aquisição de alimentos, comprados a preços superiores aos de mercado, usando o dinheiro dos contribuintes.

Já o STF, ocupado em castigar os manifestantes antigoverno, fecha os olhos ao que fazem os invasores e depredadores de propriedades rurais.

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